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Fábrica de ração suspeita de causar morte de quase 300 cavalos tem produção suspensa, diz ministério da agricultura

fábrica de ração suspeita de causar a morte de quase 300 cavalos tem produção suspensa, informou o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). O órgão informou que a decisão judicial que autorizou a retomada da produção de rações não destinadas a equinos foi revogada, voltando a valer a suspensão determinada pelo Ministério no início do mês de julho.

A informação foi divulgada pelo órgão nesta quarta-feira (24). O g1 tentou contato com a empresa Nutratta Nutrição Animal Ltda, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

Em nota divulgada no site da empresa, a Nutratta afirma que, desde os primeiros sinais de anormalidade, tem agido “com máxima responsabilidade e cautela” e que tem concentrado os esforços “na apuração técnica rigorosa dos fatos” (confira a nota completa ao final da reportagem).

Segundo o MAPA, o número de equinos mortos após o consumo de rações fabricadas pela empresa subiu para 284, anteriormente eram mais de 230. A pasta reforçou que a suspensão da produção e comercialização imposta à fábrica é válida para rações para todas as espécies animais e que continua com recolhimento dos lotes contaminados.

As investigações do Ministério apontaram que a ração foi contaminada devido às falhas no controle da matéria-prima, que tinha resíduos de Crotalaria, gênero de plantas com alcaloides pirrolizidínicos, como a monocrotalina, substância altamente tóxica para os animais.

Quando começou

 

Mortes de equinos por suspeita de relação com ração estão sendo investigadas — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Mortes de equinos por suspeita de relação com ração estão sendo investigadas — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

O MAPA contou que recebeu denúncia sobre mortes de cavalos em São Paulo no final de maio deste ano, quando foi identificada a suspeita na ração fornecida aos animais. Em junho, o órgão realizou inspeções na fábrica no início de junho e constatou falhas nos processos de produção e controle de qualidade.

Depois da primeira denúncia em maio, a pasta informou que recebeu também denúncias de mortes de equinos em outros estados, como na Bahia, em Goiás, no Rio de Janeiro, em Alagoas e em Minas Gerais.

Segundo o Ministério, em todas as propriedades investigadas, os cavalos que adoeceram ou morreram consumiram produtos da empresa.

O órgão informou que, ainda no último mês de junho, as análises laboratoriais confirmaram a presença de uma substância tóxica e proibida para equídeos, chamada monocrotalina.

NOTA OFICIAL DO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) atualizou para 284 o número de equinos mortos após o consumo de rações fabricadas pela empresa Nutratta Nutrição Animal Ltda.

Outra atualização é a revogação da decisão judicial que autorizava, de forma parcial, a retomada da produção e comercialização de rações não destinadas a equídeos. Com a revogação, volta a valer a suspensão cautelar imposta pelo Ministério, que proíbe a fabricação de rações para todas as espécies animais, até que a empresa comprove ao Mapa a correção de todas as irregularidades apontadas pela fiscalização, o que ainda não ocorreu até o momento.

As investigações conduzidas pelo Ministério indicam que a contaminação ocorreu por falhas no controle da matéria-prima, que continha resíduos de plantas do gênero Crotalaria, conhecidas por conter alcaloides pirrolizidínicos, como a monocrotalina – substância altamente tóxica para os animais.

Essas substâncias não são permitidas na formulação de rações e só aparecem quando há uso indevido de matérias-primas proibidas ou contaminação de ingredientes autorizados. Consideradas hepatotóxicas, alteram o DNA celular e causam danos ao fígado, com efeitos que variam conforme a dose, o tempo de exposição e a condição do animal.

O Mapa ainda aguarda os resultados de análises de outros lotes de ração produzidos e de lotes de matérias-primas envolvidas para definir os rumos da investigação. O Ministério permanece atento a qualquer nova denúncia e manterá a sociedade informada com total transparência.

Entenda o caso

No dia 26 de maio, o Ministério da Agricultura e Pecuária recebeu, por meio do canal Fala.BR, uma denúncia sobre mortes de cavalos no estado de São Paulo. Em 30 de maio, fiscais do Mapa foram até a propriedade em Elias Fausto (SP) e identificaram suspeita na ração fornecida aos animais.

Entre os dias 2 e 4 de junho, foram realizadas inspeções na fábrica da Nutratta, que revelaram falhas nos processos de produção e controle de qualidade.

Novas denúncias foram recebidas. Em todas as propriedades investigadas os equinos que adoeceram ou vieram a óbito consumiram produtos da empresa. Já os animais que não ingeriram as rações permaneceram saudáveis, mesmo quando alojados nos mesmos ambientes.

Em razão disso, o Mapa emitiu alerta para suspensão imediata do consumo das rações fabricadas pela empresa investigada.

Em 25 de junho, análises laboratoriais confirmaram a presença de monocrotalina, substância tóxica e proibida para equídeos.

O Ministério instaurou processo administrativo, mantém as investigações e continua com o recolhimento dos lotes contaminados.

NOTA OFICIAL DA NUTRATTA

Antes de qualquer consideração técnica ou institucional, a Nutratta deseja expressar, com profunda sinceridade, sua solidariedade a todos os criadores, proprietários, profissionais e apaixonados pelo mundo equestre que estão enfrentando este momento extremamente difícil.

Receber relatos de perdas de animais tão valiosos — não apenas do ponto de vista econômico, mas, sobretudo, afetivo — tem nos tocado de forma intensa e pessoal. Sabemos que, para muitos, esses animais são parte da família, companheiros de vida e trajetória. Sentimos profundamente a dor de cada um e nos solidarizamos com genuína empatia pelo sofrimento que atravessa todo o setor.

Desde os primeiros sinais de anormalidade, optamos por agir com máxima responsabilidade e cautela, evitando qualquer tipo de manifestação precipitada. Em respeito à gravidade do que está sendo vivenciado, concentramos todos os nossos esforços na apuração técnica rigorosa dos fatos, colaborando de forma integral com os órgãos competentes e reforçando nossos controles internos com o apoio de nosso corpo técnico especializado.

Ressaltamos que o nosso pronunciamento, nesse momento, não se deu por omissão, mas sim por respeito à busca pela verdade – um dos valores inegociáveis da empresa. Preferimos adotar uma postura responsável e conservadora, ao invés de emitir alertas sem fundamentação técnica ou orientações precipitadas diante de um cenário desconhecido, sensível e sem precedentes. Esta postura foi adotada em nome da transparência, da ética e da integridade do processo de apuração.

É importante destacar que a Nutratta detém patente sobre a tecnologia de extrusão de fibras aplicada à nutrição animal, com resultados comprovadamente superiores à média do mercado. Essa tecnologia exclusiva reflete nosso compromisso com a inovação, qualidade e segurança nutricional. Atuamos há mais de 13 anos no mercado de nutrição equina e somos reconhecidos pela seriedade, consistência técnica e pelo respeito às necessidades dos animais e dos profissionais que confiam em nossos produtos. Ao longo dessa trajetória, construímos relações pautadas em responsabilidade, pesquisa e compromisso com a vida.

Esclarecemos que as linhas de nutrição equina e bovina da Nutratta são desenvolvidas de forma totalmente independente, com formulações distintas e protocolos de produção específicos para cada espécie, conforme os mais rigorosos padrões técnicos e sanitários.

Até o momento, não há qualquer evidência de contaminação ou falha nos produtos destinados à bovinocultura. A ração bovina segue sendo utilizada por diversos clientes, sem qualquer intercorrência clínica registrada.

Em relação à linha equina, informamos que a unidade fabril foi interditada preventivamente pelo Ministério da Agricultura na última quarta-feira (04), por meio de termo de suspensão cautelar de fabricação, como parte dos procedimentos de fiscalização em curso. A interdição foi acompanhada pela coleta de diversas amostras de matérias-primas e produtos acabados, além do lacre de um caminhão, encaminhado para realização de análises laboratoriais completas (incluindo testes para monensina, clostridium e micotoxinas). Todas as exigências vêm sendo integralmente atendidas por nossa equipe, que permanece à disposição das autoridades para fornecer todo o suporte necessário à investigação.

Ressaltamos que todas as medidas possíveis já foram adotadas desde os primeiros relatos, com revisão de protocolos, suspensão preventiva de lotes e rastreabilidade completa da cadeia de suprimentos. As amostras das matérias-primas fornecidas por nossos parceiros também foram recolhidas pelo MAPA para análise.

Acreditamos que, com base nas amostras sob responsabilidade dos laboratórios oficiais, será possível alcançar, em breve, uma conclusão clara e embasada. Sabemos que nenhum laudo técnico trará de volta os animais perdidos, mas seguimos comprometidos em buscar, com total transparência, respostas que possam oferecer ao menos alguma forma de justiça e aprendizado diante de tamanha tragédia.

Reiteramos nosso compromisso com a verdade, a ética e o respeito incondicional à vida animal e ao setor equestre brasileiro. A Nutratta permanece à disposição de todos os clientes, distribuidores e profissionais para qualquer esclarecimento necessário, visitas técnicas e acompanhamento de todas as etapas do processo investigativo.

Assim que houver uma posição oficial por parte do MAPA, a primeira comunicação pública será feita diretamente a vocês, com a seriedade e sensibilidade que este momento exige.

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