O primeiro assentamento rural no município de Cassilândia tem sido motivo de discussões e levantado dúvidas, especialmente quanto à sua localização exata. Cláudia Aparecida de Souza, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, e Orivaldo Ribeiro de Oliveira, vice-presidente, abordaram o tema no Programa Rotativa no Ar, da Rádio Patriarca, nesta segunda-feira, 11 de agosto. O decreto do Incra, ligado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, aponta o terreno em Cassilândia, mas descreve municípios limítrofes como Inocência, Chapadão do Sul, Aporé e Itajá, o que levanta questões sobre possíveis erros no documento.
O processo de filiação para os interessados em concorrer a uma vaga foi iniciado em maio de 2024 e encerrado em junho de 2025. Foram filiadas 100 famílias, apesar de haver apenas 80 vagas, resultando em suplentes. As famílias inscritas não são exclusivamente de Cassilândia, incluindo candidatos de Itajá, Iarumã, Paranaíba, Chapadão, Costa Rica e Inocência. O terreno compreende aproximadamente 718 hectares, equivalente a cerca de dois alqueires e meio, com previsão de lotes de 10 hectares por família.
Para evitar a venda indevida dos lotes, prática comum em assentamentos antigos, o Incra implementou novas regras. Os candidatos devem possuir o Cartão Único e a identidade digital, o que impede a participação de quem já foi assentado anteriormente. A seleção será rigorosa, com entrevistas conduzidas pelo Incra para verificar o real interesse e conhecimento dos candidatos em relação à terra e à produção rural. Perguntas como “qual lua você planta mandioca” são utilizadas para identificar quem realmente entende de agricultura.
Um ponto crucial é o financiamento disponível para os assentados. Há fundos substanciais, como R$ 80.000,00 para a construção de moradias, além de outras verbas para projetos de irrigação ou manejo de pasto. Esses recursos são acessados diretamente pelos assentados, sem intermediação de governos ou sindicatos, mas exigem que o nome do beneficiário esteja “limpo”.
Apesar da pouca divulgação inicial, que foi reconhecida como um aprendizado, a presidente Cláudia Aparecida de Souza confirmou que haverá mais dois assentamentos futuros. A filiação ao sindicato é um requisito para concorrer às terras, com uma taxa mensal de 2% de um salário mínimo (cerca de R$ 30,00). O sorteio das terras será realizado pelo Incra, não pelo sindicato, e a expectativa é que todas as famílias aptas sejam assentadas até dezembro. A iniciativa visa garantir “terra para todos”, sem a necessidade de barracamentos.