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Oferta restrita sustenta alta de fertilizantes

Em um cenário de alta demanda global e oferta limitada, os preços dos fertilizantes devem continuar elevados ao menos até 2027, segundo Jenny Wang, vice-presidente executiva da multinacional Mosaic. Apesar das incertezas econômicas em diversos países, o consumo de commodities agrícolas segue estável, disse Wang.

Os preços altos previstos para este ano decorrem sobretudo da restrição na oferta, especialmente no mercado de fosfatados, afetado pela redução nas exportações da China, o que diminuiu em mais de 5% a oferta global. “É uma redução de dígito alto, e não há novas capacidades sendo adicionadas neste ano”, afirmou em entrevista ao Valor, às margens do Congresso da Associação Brasileira de Difusão de Adubos (ANDA). Segundo ela, mesmo com tentativas de aumento de produção por empresas na América do Norte e na Arábia Saudita, não há previsão de entrada de novas capacidades no curto prazo.

A própria Mosaic, afirmou Wang, enfrenta dificuldades para recuperar plenamente sua capacidade produtiva.

No mercado de potássio, inicialmente havia expectativa de oferta ampla em 2025, mas cortes inesperados na produção da China e a necessidade de manutenções na Rússia e Bielorússia, após as sanções dos últimos anos, restringiram a oferta. Ainda assim, o mercado se mostra mais equilibrado em comparação ao de fosfatados, segundo Wang, e não deve haver grandes variações de preço. “Um aumento expressivo é improvável, pois os produtores já atingiram um limite de capacidade de pagamento.”

A alta de tarifas no mercado global, reflexo de guerras comerciais, também afeta o segmento. “As políticas comerciais dos EUA em relação à China, Brasil, Índia e Canadá mudaram o fluxo global de fertilizantes”, disse a executiva.

Segundo ela, no caso do fosfato, essas tarifas elevaram os custos para os agricultores americanos, que “estão pagando o preço mais alto do mundo pelo fosfato, resultado direto das tarifas de importação”. Os americanos estão pagando US$ 100 a mais por tonelada que os brasileiros, disse.

Além da alta dos fertilizantes, acesso a crédito e taxas de juros elevadas são preocupações para o mercado brasileiro. “Os produtores podem atrasar ou reduzir suas compras”, afirmou.

Com o avanço do plantio de soja, ela avalia que alguns agricultores brasileiros podem enfrentar dificuldades logísticas para receber os insumos a tempo, o que pode levar a atrasos ou à aquisição parcial dos volumes planejados.

Na avaliação do CEO da Eurochem, Maicon Cossa, o acesso ao crédito e os juros alto continuam sendo os maiores desafios para os agricultores. Cossa, que também falou às margens do congresso, disse que neste momento da safra, parte dos produtores ainda avalia a situação financeira antes de comprar. Já aqueles com capital próprio ou acesso facilitado ao crédito mantêm o ritmo de aquisição.

Para apoiar o financiamento dos produtores na compra de insumos, a Eurochem captou R$ 450 milhões em agosto por meio de um FIDC (Fundo de Investimento em Direito Creditório).

Uma parte dos recursos do FIDC será destinada ao Complexo Mineroindustrial de Serra do Salitre, disse Cossa, sem dar detalhes. A planta deve encerrar 2025 com produção entre 800 mil e 900 mil toneladas, abaixo da meta inicial de até 1 milhão de toneladas. “O ajuste de portfólio, ajuste de processo que tem acontecido, é normal (…) em uma planta com uma complexidade, com uma dimensão tão grande”, disse.

Globo Rural

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