Danila Ferreira Luz, de 29 anos, foi agredida com vários socos e teve o rosto desfigurado no último fim de semana, em um pesqueiro na divisa entre Mato Grosso do Sul e Goiás. Em uma entrevista exclusiva ao g1, ela relatou dificuldades para conseguir ajuda da Justiça e disse que tem recebido mensagens de ódio e julgamentos.
Segundo boletim registrado no sábado (30) pela Polícia Civil de Goiás, Lucas Nogueira de Souza fugiu após agredir Danila. A g1 entrou em contato com a advogada de defesa do suspeito, Djenifer Lorena, que disse: “única declaração que tenho a dar é que todos nós temos direitos fundamentais consagrados pela Constituição Federal, e o direito de defesa é um dos seus principais”.
Danila contou que o relacionamento com Lucas já havia terminado, mas eles ainda mantinham contato. Segundo ela, não foi o primeiro desentendimento que os dois tiveram, mas que nunca havia sido agredida fisicamente.
“Não lembro de tudo o que aconteceu. Minha memória ficou apagada depois da agressão. Infelizmente, ele já tinha dado sim sinais de agressão psicológica e já aconteceu uma briga, mas não cheguei a me machucar dessa forma”, contou a vítima.
O casal ficou junto por dois anos. Mesmo casado novamente, Lucas procurava Danila sempre que brigava com a atual esposa. “Dessa vez, também estávamos separados. Não tínhamos reatado, mas ainda havia contato”, afirmou.
Segundo o boletim de ocorrência, a filha de Danila estava presente no momento da agressão e a discussão teria começado quando o homem tentou abraçar a criança. “Eles tinham uma relação forte. Ela era bebê quando começamos a namorar. Mas eu sempre pedi que ele respeitasse minha decisão de manter distância, principalmente dela”, explicou.
Danila afirma que o atendimento policial foi lento e confuso, pois o caso envolve delegacias de dois estados: Goiás e Mato Grosso do Sul.
“Fui para a Santa Casa no sábado à noite. A polícia do MS foi até lá, mas trataram o caso com descaso. Parecia que estavam minimizando por já termos tido desentendimentos antes.”
- No domingo (31), Danila passou o dia no hospital realizando exames. Ela afirma que informou à polícia o paradeiro do agressor, mas não recebeu retorno. “Disseram que não sabiam do caso. Me senti julgada, como se não fosse importante.”
- Na segunda-feira (1º), Danila foi até a delegacia de Cassilândia (MS), onde registrou o boletim de ocorrência e pediu medida protetiva. Depois, fez exame de corpo de delito em Paranaíba.
Após tomar conhecimento do caso, a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul informou a vítima que todas as documentações seriam enviadas para Goiás, onde seria solicitado o pedido de prisão. Porém a vítima não obteve retorno.
A medida protetiva foi concedida no mesmo dia, mas Danila ainda não recebeu informações sobre a prisão. Ela teme que o ex-namorado fuja. “Me disseram que ele pode fugir a qualquer momento. Eu não quero provar quem está certo ou errado. Só quero justiça.”
Além das marcas físicas, Danila diz que a agressão deixou sequelas emocionais profundas.
“Minha vida mudou completamente. Sempre fui ativa, trabalho, tenho uma filha para criar, faço atividade física, que eu amo fazer. Hoje mesmo eu fui ao hospital e voltei correndo para casa com pavor de estar na rua. Não consigo trabalhar, estou envergonhada, machucada. Minha filha acha que foi um acidente de moto”, relata.
Danila contou ainda que tem sido julgada e recebe mensagens dizendo que “merecia” a agressão. Ela afirma que vai precisar de apoio psicológico e psiquiátrico, mesmo sem ter condições financeiras para isso.
“Muita gente diz que eu deveria ficar calada. Mas é por isso que tantas mulheres morrem. Porque são silenciadas. Eu não sou culpada. Ele precisa ser punido”, finaliza.
Danila decidiu tornar público o trauma que viveu porque acredita que a Justiça precisa ser feita. “Eu acho que ficar calada não é o certo, porque enquanto eu tô enfrentando tanta coisa, tendo que colocar na minha cabeça que eu não sou a culpada, ele tá vivendo uma vida normal sem ser punido pelo que ele fez.”