A direção da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Fundãozinho (Ponte de Pedra) descartou qualquer possibilidade de abertura de comportas ou interferência no curso do Rio Sucuriú que pudesse ter contribuído para o afogamento dos jovens Igor Pereira Rosa Paniago, de 32 anos, e Tiago Andrade Rezende, de 18 anos. O acidente ocorreu no último domingo (26), em um trecho do rio localizado entre Paraíso das Águas e Costa Rica.

De acordo com informações repassadas à Polícia Civil de Paraíso das Águas por um dos responsáveis pela PCH, não há nenhuma estrutura que permita a liberação repentina de água no local. “Nós não temos comportas que possam ser abertas e gerar uma tromba d’água no rio. Nosso vertedouro tem um conceito chamado vertedouro de soleira livre, ou seja, é uma estrutura de concreto onde a água simplesmente passa por cima dela, sem possibilidade de controle manual do fluxo”, explicou o técnico responsável.

O representante da usina destacou ainda que o reservatório da Ponte de Pedra é de pequenas proporções. “Nosso lago tem cerca de 0,6 hectare. Costumamos dizer que ele é mais uma poça do que um lago”, afirmou. Segundo ele, o volume de água que passa pelas turbinas é regulado conforme a vazão natural do rio, que atualmente está baixa.
“Estamos levantando o histórico dos registros dos medidores de vazão, homologados pela Agência Nacional de Águas (ANA), justamente para comprovar que não houve qualquer oscilação significativa no nível do rio. Caso tenha ocorrido alguma variação, foi inferior a 5%, algo insignificante”, acrescentou.
Ainda conforme relatos, pescadores que estavam nas proximidades no momento da tragédia confirmaram que não houve alteração perceptível no nível da água, tampouco qualquer fenômeno que indicasse aumento repentino da vazão. As condições de tempo no local eram de formação de mau tempo, mas sem registro de incidentes relacionados à correnteza.
A Polícia Civil deverá ouvir todos os cinco sobreviventes, (dois já foram ouvidos)— que estavam com as vítimas no momento do afogamento — nos próximos dias, para esclarecer as circunstâncias exatas do ocorrido. O laudo do Instituto Médico Odontológico Legal (IMOL) deverá ser concluído em até 30 dias.
Apenas a Declaração de Óbito (DO) foi emitida, permitindo que as famílias pudessem realizar o velório e o sepultamento dos jovens. A causa da morte, descrita em ambas as declarações, foi asfixia mecânica provocada por afogamento. Não foram encontrados sinais de violência nos corpos. As condições físicas e que os corpos dos jovens foram econtradas, eram semelhantes.
Os corpos de Igor Paniago e Tiago Rezende foram velados juntos e sepultados lado a lado, na manhã de terça-feira (28), no Cemitério Municipal Jardim da Saudade, em Paraíso das Águas, em um dos momentos mais comoventes vividos pela comunidade local.

De acordo com familiares, Igor sabia nadar, enquanto Tiago, por medo, raramente entrava na água. A tragédia abalou profundamente amigos, familiares e moradores da cidade.
Outro ponto importante a ser destacado é que o Rio Sucuriú não é recomendado para banho em nenhum de seus trechos, devido ao alto risco de afogamento. O uso de colete salva-vidas é indispensável para qualquer pessoa que navegue ou permaneça próxima às margens.
Há cerca de 40 anos um homem perdeu a vida exatamente nesse mesmo ponto do rio. De acordo com os mergulhadores do Corpo de Bombeiros, o local apresenta profundidade superior a cinco metros, forma um forte rebojo e possui uma “loca” de pedras no fundo, o que aumenta significativamente o perigo para quem entra na água.










