Pressão dos frigoríficos, incerteza com a China e escalas curtas criam um ambiente de disputa acirrada no mercado do boi gordo; veja o que pode influenciar os preços nesta semana
O mercado do boi gordo começa a semana em clima de tensão máxima, com frigoríficos tentando impor preços mais baixos enquanto pecuaristas resistem em meio a um ambiente de incertezas. A disputa ganha força justamente num momento em que a oferta está enxuta, as escalas seguem encurtadas e a decisão mais aguardada do ano — o anúncio da investigação chinesa sobre salvaguardas — se aproxima. O cenário é de cautela, disputa e risco elevado de volatilidade nas cotações.
Mercado físico do boi gordo trava e frigoríficos intensificam pressão
Segundo levantamento, os frigoríficos encerraram a última semana tentando comprar boiadas a valores mais baixos, mesmo com escalas curtas e pouca oferta de animais terminados.
Em praças como São Paulo, Goiás e Mato Grosso, parte das indústrias chegou a ficar fora das compras para forçar os preços para baixo
Apesar desse movimento dos compradores, o atacado segue firme, impulsionado por maior consumo doméstico, injeção do 13º salário, empregos temporários e a demanda típica das festas de fim de ano — elementos que sustentam o mercado no curtíssimo prazo.
Principais cotações registradas: São Paulo: R$ 326,67/@ Goiás: R$ 319,82/@ Minas Gerais: R$ 315,29/@ Mato Grosso do Sul: R$ 319,20/@ Mato Grosso: R$ 308,91/@ No atacado: traseiro a R$ 26,00/kg; dianteiro a R$ 19,50/kg; ponta de agulha a R$ 19,00/kg.
China deve anunciar decisão até 26 de novembro A maior preocupação do setor está na expectativa pelo resultado da investigação conduzida pela China sobre eventuais salvaguardas às importações de carne bovina. O anúncio deve ser feito até 26 de novembro, e qualquer restrição terá impacto imediato no mercado brasileiro.
A tensão aumentou com os boatos envolvendo resíduos de fluazuron em cargas exportadas. Embora o Ministério da Agricultura tenha desmentido rapidamente as informações, o estrago foi suficiente para mexer com o psicológico do mercado e derrubar os contratos da B3.
Hoje, a China responde por 47% de toda a carne bovina embarcada pelo Brasil, o que explica a sensibilidade diante de qualquer sinal vindo do país asiático.
Movimentos atípicos na B3 elevam volatilidade
A primeira quinzena de novembro foi marcada por quedas expressivas nos contratos futuros, refletindo rumores e incertezas tanto no cenário interno quanto no mercado internacional.
Analistas destacam que a B3 está mais sensível do que nunca a qualquer ruído e que movimentos bruscos devem continuar enquanto não houver uma definição clara por parte da China.
Na última sessão, o contrato com vencimento em dezembro fechou em R$ 321,10/@, leve queda diante da instabilidade. Escalas curtas, mas pressão no mercado do boi gordo continua.
Relatório técnico confirma que a média nacional das escalas de abate está em apenas 7 dias úteis, um indicativo forte de oferta enxuta. Mesmo assim, frigoríficos seguem firmes na tentativa de baixar preços, aproveitando: a retração sazonal das exportações entre a segunda e a terceira semana de novembro férias coletivas em grandes plantas industriais ausência de frigoríficos menores em estados como MS menor apetite de compra no curto prazo.
Essa estratégia aumenta a tensão e contribui para o clima de “guerra” nos preços. Exportações fortes, mas ambiente ainda instável Apesar da turbulência, 2025 segue com exportações robustas, especialmente no segundo semestre.
Ainda assim, dois fatores mantêm o mercado nervoso: a investigação chinesa e o tarifaço dos EUA — que passou por revisão, mas ainda provoca impacto no comércio global de proteínas. Um eventual acordo entre Brasil e Estados Unidos pode alterar novamente o cenário e melhorar o fluxo de embarques.
O que esperar da semana?
A tendência é de um período com forte disputa entre pecuaristas e frigoríficos: Pressões de baixa devem persistir Indústrias seguem tentando impor valores menores, aproveitando o momento de incerteza. Oferta curta limita quedas maiores Escalas enxutas funcionam como barreira contra desvalorizações mais agressivas.
China decidirá o rumo do mercado Qualquer sinal positivo ou negativo pode mexer rapidamente com as cotações. B3 continuará volátil Enquanto não houver definição, os contratos respondem de forma imediata a rumores.
O boi gordo entra na semana em um ambiente de conflito direto, marcado por tentativas de pressão baixista por parte dos frigoríficos, escalas apertadas e expectativas elevadas sobre a decisão chinesa.
O produtor precisa redobrar a atenção, pois os próximos dias serão cruciais para definir se o mercado terá um período de queda mais acentuada ou se encontrará pontos de equilíbrio.
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