Alunas do Centro de Ensino Dom Veloso, uma escola estadual de Itumbiara, no sul do estado, criaram um produto natural a partir do pé de saboneteira para ajudar a combater o mosquito da dengue. O gel foi desenvolvido com a ajuda de uma professora e é capaz de eliminar larvas do Aedes aegypti em 36 minutos. O projeto está competindo como finalista do prêmio Solve for Tomorrow.
O gel foi criado a partir do fruto da árvore saboneteira, conhecida por seus frutos que tem propriedades naturais de limpeza. A árvore fica nos fundos da escola onde as alunas estudam, e os frutos foram usados como uma alternativa aos larvicidas químicos normalmente utilizados no combate ao mosquito.
O produto é colocado em estações disseminadoras que atraem a fêmea do mosquito causador da dengue para que o extrato faça efeito e elas o disseminem a outros lugares.
Em entrevista à TV Anhanguera, a professora de biologia da rede municipal de Itumbiara que orientou as estudantes, Ayanda Ferreira, disse acreditar que a responsabilidade de buscar alternativas no combate ao mosquito da dengue é de toda a população.
Como a ideia surgiu
A professora explicou que a ideia surgiu a partir desse princípio: buscar soluções para combater esses vírus. Assim, ela e as alunas começaram a testar a eficácia de alguns extratos vegetais, como o da fruta da saboneteira, no uso de Estações Disseminadoras de Larvicida (EDL).
“Sabemos que a dengue, a zika e a chikungunya são problemas de saúde pública há anos. E, sendo assim, cabe a nós, à população — e não só a cientistas — buscar soluções para o controle do Aedes aegypti, que é o vetor dos vírus causadores dessas doenças”, comenta.
Todo o trabalho das alunas e da professora durou mais de um ano e meio, desde a escolha da planta até os testes em laboratório.
“Foi um processo demorado, mas que pra nós, é gratificante”, afirmou a estudante que integra o projeto, Maria Gabriela Pereira.
Processo laboratorial
As estudantes fazem todo o processo de extração do princípio ativo no laboratório. Para isso, retiram as sementes do fruto e as deixam de molho por cerca de uma semana. Em seguida, o líquido proveniente é coado e concentrado.
Ayanda explica que, só depois desse processo, o líquido pode ser testado com as larvas do mosquito. Apenas após ter sua eficácia comprovada o extrato pode ser transformado em gel, feito com uma base de amido. Só então o produto pode ser aplicado aos tecidos das Estações Disseminadoras.
Dessa forma, as fêmeas do Aedes aegypti são atraídas às estações, pousam no tecido impregnado com o gel e levam o extrato para outros criadouros, disseminando o produto para larvas e outros mosquitos, eliminando-os.
Resultados
Os resultados dos testes mais recentes da equipe da escola municipal apontam que o extrato da saboneteira matou 100% das larvas em até 36 minutos.
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Testes com larvas dos mosquitos utilizando o produto criado pelas estudantes — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
A professora de biologia explica que, com esse método, torna-se mais fácil conter a disseminação do mosquito até mesmo em locais mais difíceis, com alta proliferação devido às condições dos ambientes.
Indicação a prêmio nacional
A ideia das estudantes vai levá-las até São Paulo, onde será realizado o prêmio nacional “Solve for Tomorrow”, que estimula alunos a criarem soluções reais para problemas como o da dengue. Foram mais de 3 mil projetos e 14 mil estudantes e professores inscritos em todo o país, que passaram por uma seleção até chegar aos 10 finalistas.
As estudantes são as únicas goianas que chegaram à final do prêmio, que acontecerá no dia 2 de dezembro deste ano, na capital paulista.
“Querendo ou não, [o projeto] ajuda pessoas de baixa renda, que não podem comprar inseticida, ou [produtos que] fazem mal para a saúde, dão alergia. E o nosso larvicida é natural, não causa danos à pele, ao ser humano, é totalmente natural”, explica uma das estudantes pesquisadoras.
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Estações Disseminadoras de Larvicida (EDL) com o extrato do fruto da saboneteira — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Por Michely Loures, TV Anhanguera, g1 Goiás










