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Credores aprovam falência do Grupo Pupin, do ‘Rei do Algodão’

Dívidas somam R$ 3,5 bilhões; processo de recuperação judicial corre desde 2017

O comitê de credores do Grupo Pupin aprovou por unanimidade a conversão da recuperação judicial do grupo em falência, em reunião extraordinária realizada no dia 1º de dezembro. O grupo pertence ao empresário José Pupin, conhecido como “Rei do Algodão”, que já foi dono de 110 mil hectares de algodão.

O grupo possui uma dívida dentro do processo de recuperação judicial de R$ 1,4 bilhão, além de R$ 274 milhões em créditos tributários. Incluindo as dívidas extraconcursais, o passivo soma R$ 3,5 bilhões, superando os ativos em 22%. O processo de recuperação judicial corre desde 2017.

A decisão foi tomada após os credores avaliarem um estudo técnico indicando inviabilidade operacional do grupo. O estudo reuniu demonstrativos contábeis, dados de movimentações bancárias, projeções financeiras, entre outros documentos.

De acordo com o levantamento, o Grupo Pupin tem ingressos projetados de cerca de R$ 70 milhões nos próximos 37 meses, vindos de contratos de arrendamento já firmados.

O estudo constatou que o grupo não possui atividade operacional desde 2019. Também não dispõe de máquinas, equipes e estrutura mínima para retomada das operações, caso se criasse um plano de operação de médio e longo prazo.

Além disso, os recebíveis identificados estão em boa parte penhorados em execuções de créditos extraconcursais.

O grupo possui R$ 1,85 bilhão de dívidas extraconcursais, sujeitas a juros de 1% ao mês e correção pelo INPC nos próximos 36 meses, o que significa um adicional de R$ 1,3 bilhão. Os ingressos projetados cobrem 5% do valor necessário para suportar os encargos, segundo o estudo.

O estudo também mostra que a liquidação dos ativos do grupo pelo valor de mercado (R$ 2,89 bilhões) seria suficiente para pagar integralmente os credores extraconcursais, os credores da classe I (trabalhistas) e 83% da classe II (com garantia real). Os demais credores ficariam sem recebimento dos créditos.

Em caso de decretação de falência, haverá uma reversão dos deságios das dívidas negociados anteriormente. Com isso, a dívida total passa de R$ 3,5 bilhões para R$ 5,9 bilhões.

O estudo examinou 151 matrículas de imóveis do grupo e identificou 19 alienações ao longo do processo de recuperação judicial, todas por ordem judicial. O valor total dos ativos é R$ 2,89 bilhões.

O comitê de credores relatou que também identificou que houve uso do patrimônio da recuperação judicial para pagar dívidas pessoais de familiares de José Pupin e Marisa Camargo Pupin. Foram identificadas movimentações suspeitas de R$ 430 milhões em contas vinculadas à empresa José Pupin & Cia e transferências de mais de R$ 95 milhões para Gustavo Camargo Pupin e seu núcleo familiar, sem lastro documental.

Agora o processo segue para análise da 1ª Vara Cível de Campo Verde, responsável pela condução da recuperação judicial do grupo.

 

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