O ciclone extratropical formado na fronteira entre Brasil e Argentina causa prejuízos no Sul do país desde a última segunda-feira (8/12). Além de alagamentos e destelhamentos registrados nas áreas urbanas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, consequência da combinação entre chuva intensa e ventos fortes, o fenômeno também impactou o campo. Segundo levantamento do Sindicato Rural da Serra Gaúcha, muitos parreirais foram destruídos em Flores da Cunha, um dos principais municípios produtores de uva da região, às vésperas da safra.
A Defesa Civil do Rio Grande do Sul confirmou a ocorrência de um tornado na cidade após analisar imagens da tempestade de “alta refletividade e ventos que, provavelmente, superaram os 100 km/h na comunidade de Alfredo Chaves”. Entre os principais danos estão a destruição de uma quadra de esportes, o destelhamento da Capela São João Batista e prejuízos em três vinícolas.
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Uma das lavouras afetadas em Flores da Cunha pertence à mãe de Andreia Baroni. Os parreirais da agricultora, com as variedades Isabel, Bordô e Niágara distribuídas em uma área de cinco hectares, foram 100% perdidos.
“Os meus dois aviários de frango de corte foram parcialmente descobertos, mas a minha mãe perdeu tudo que tinha. Todos os parreirais caíram. A casa dela ficou descoberta, junto com a casa do funcionário. O que tinha de árvores perto tudo foi ao chão”, relata.
Também produtora de uvas, mas em menor quantidade, ela conta que suas próprias áreas não foram atingidas pelo tornado. Já a mãe, que estimava iniciar a colheita dentro de um mês, contabiliza mais de R$ 700 mil em prejuízos. “Parece cena de filme mesmo. Ela vai ter que começar tudo do zero praticamente”.
Na propriedade vizinha, Everton Sotoriva também teve parte da plantação atingida pela passagem do ciclone. Ao todo, seis hectares foram afetados no período de amadurecimento das uvas. “A chuva com granizo e muito vento derrubou 1,5 hectare. Por cima, imagino que a perda seja entre R$ 50 mil e R$ 80 mil”, diz.
Quando o ciclone vai embora?
O fenômeno acompanhado de uma frente fria começa a se afastar gradualmente do continente entre a madrugada e a manhã de quinta-feira (11/12), indo na direção do Oceano Atlântico, afirma o meteorologista Guilherme Borges, da FieldPRO, à Globo Rural.
Esse deslocamento reduz a intensidade da chuva no interior, mas aumenta o risco de ventanias na área litorânea. Em Santa Catarina, por exemplo, a Defesa Civil destacou que as ondas podem chegar a três metros na Grande Florianópolis e atingir até quatro metros no Litoral Sul, com picos ainda maiores em alto-mar.
“São esperadas rajadas entre 60 e 80 km/h do meio-oeste ao litoral, enquanto nas áreas serranas próximas ao mar a intensidade se aproxima dos 100 km/h”, diz o alerta do órgão catarinense.
Onde está o ciclone?
Nesta quarta-feira (10/12), o ciclone atinge o ponto mais intenso da sua trajetória, com o centro do sistema se localizando muito próximo ao litoral gaúcho, na costa rente à Lagoa dos Patos. A pressão atmosférica central será de 982 hPa a 984 hPa.
Durante o dia, mantém sua posição perto da costa, ainda causando instabilidade, mas já começa a se afastar um pouco mais para o mar ao longo da tarde e noite. Na quinta (11/12), o fenômeno se afasta mais do continente, com o centro atingindo 983 hPa e se deslocando rapidamente para o Leste-Sudeste, no Oceano Atlântico.
Globo Rural










