Mato Grosso do Sul encerra 2025 com um dos desempenhos mais consistentes do agronegócio brasileiro. O estado registrou crescimento de 18% no VBP (Valor Bruto da Produção), alcançando aproximadamente R$ 84 bilhões, impulsionado por uma safra recorde, expansão de cadeias produtivas, reconhecimento sanitário internacional e novos investimentos em logística.
A produção de soja e milho atingiu 28 milhões de toneladas na safra 2024/25, um avanço de 35% em comparação ao ciclo anterior, colocando o estado na 5ª posição nacional. O milho foi o principal destaque, com recuperação de 62% frente ao resultado da safra 2023/24, marcada por forte quebra.
O crescimento foi intensificado pelo avanço das indústrias de etanol de milho, que produziram 1,58 bilhão de litros em 2025, alta de 58%, ampliando a demanda pelo grão e consolidando o segmento como peça estratégica da economia estadual.
Outras cadeias também avançaram. A citricultura segue em expansão, com projeção de alcançar 30 mil hectares de laranja. O amendoim mantém trajetória de crescimento e encerra 2025 com 43,5 mil hectares plantados e produção estimada em 173,7 mil toneladas.
No setor florestal, a área de eucalipto ultrapassou 1,89 milhão de hectares, impulsionada pela expectativa de instalação de novas plantas industriais em Inocência e Bataguassu, ampliando a demanda futura por madeira.
O ano também marcou intensificação de práticas de manejo sustentável e de sistemas integrados, fortalecendo a resiliência produtiva. “Os produtores sul-mato-grossenses demonstraram mais uma vez sua capacidade de adaptação, investindo em tecnologias que elevam a produtividade e preservam o meio ambiente”, afirma Tamiris Azoia, coordenadora do departamento técnico da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul).
O abate de bovinos cresceu 4% e alcançou 4,1 milhões de cabeças. A suinocultura registrou o mesmo percentual de alta, totalizando 3,5 milhões de animais abatidos. A avicultura manteve estabilidade, com 186,2 milhões de aves abatidas.
Com o desempenho agregado, o PIB de Mato Grosso do Sul deve encerrar 2025 com crescimento de 6,8%, superando R$ 227 bilhões.

Entre janeiro e novembro, as exportações do agronegócio cresceram 4%, somando US$ 9,2 bilhões. A celulose lidera o faturamento, representando 31% das vendas externas e alcançando US$ 2,84 bilhões, alta de 20% sobre o ano anterior.
A soja em grãos aparece em seguida, com US$ 2,33 bilhões (25% do total). A carne bovina teve desempenho expressivo e cresceu 51%, chegando a US$ 1,70 bilhão.
O ano foi marcado por avanços em infraestrutura. O novo contrato de concessão da BR-163/MS prevê R$ 16,6 bilhões em investimentos ao longo de 29 anos, incluindo duplicações, faixas adicionais e áreas de descanso.
Outro projeto estratégico é a Rota da Celulose, que envolve aproximadamente 870 km de rodovias federais e estaduais e deve receber R$ 10 bilhões para conectar regiões produtoras a corredores de exportação.
A preparação para o leilão da Hidrovia do Rio Paraguai, previsto para 2026, e melhorias em aeroportos regionais devem reduzir custos de transporte e facilitar o escoamento de cargas de maior valor agregado.
Entre 2024 e 2025, o estado estruturou um arcabouço legal e financeiro para consolidar a citricultura como nova fronteira produtiva. Mais de 15 mil hectares já estão em produção e cerca de 7 milhões de mudas foram implantadas. Há projeção de mais 40 mil hectares em novos empreendimentos para os próximos anos.
A Lei Estadual nº 6.293/2024 proibiu o plantio de murta, hospedeira do psilídeo transmissor do greening e estabeleceu regras de controle e erradicação, complementadas por regulamentações municipais em Ribas do Rio Pardo e Campo Grande. O setor também passou a contar com linha específica do FCO, com até R$ 20 milhões anuais para implantação e manutenção de pomares.
Em maio, o Brasil recebeu o status de área livre de febre aftosa sem vacinação, reconhecimento que contou com atuação técnica da Famasul e é considerado marco para abertura de novos mercados. O estado também manteve alto padrão sanitário em outras cadeias, permanecendo livre de Influenza Aviária, Doença de Newcastle, Peste Suína Africana e Peste Suína Clássica.

“Esse reconhecimento internacional reforça a credibilidade da pecuária de Mato Grosso do Sul e abre novas portas no mercado global”, afirma Marcelo Bertoni, presidente da Famasul.
A implementação do PSA (Pagamento por Serviços Ambientais) Bioma Pantanal destinou cerca de R$ 30 milhões à remuneração de produtores que preservam vegetação nativa além do exigido por lei. O primeiro edital contemplou 59 propriedades, com pagamento anual de R$ 55,47 por hectare, limitado a R$ 100 mil por propriedade.
A promulgação da Lei do Pantanal reforçou segurança jurídica e valorizou práticas produtivas sustentáveis adotadas historicamente na região.
Para 2026, Famasul e Senar planejam manter ações de capacitação, defesa sanitária e suporte técnico, com foco em consolidar um ambiente produtivo competitivo, sustentável e seguro para os produtores sul-mato-grossenses.










