A prisão foi solicitada pela relatora da CPI, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), e acatada pelo presidente da comissão, senador Hiran Gonçalves (PP-RR)
A CPI das Apostas Esportivas (CPI das Bets) do Senado determinou a prisão do empresário Daniel Pardim Tavares Gonçalves durante sessão realizada ontem (27), sob a acusação de falso testemunho.
Ouvido como testemunha, Pardim se recusou a prestar esclarecimentos sobre sua ligação com a empresa Peach Blossom River Technology, investigada por envolvimento com jogos ilegais e possível lavagem de dinheiro. Após a prisão, a reunião foi encerrada.
A prisão foi solicitada pela relatora da CPI, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), e acatada pelo presidente da comissão, senador Hiran Gonçalves (PP-RR).
Oficialmente, Daniel Pardim figura como responsável pela Peach Blossom, que possui participação na empresa Playflow, ligada a operações ilegais de apostas segundo investigações da Polícia Civil do Distrito Federal.
A defesa do empresário, representada pelo advogado Lucas Monteiro Faria, acusou a CPI de violar o direito ao silêncio e classificou a decisão como abuso de autoridade. Faria afirmou que Pardim é apenas um “cozinheiro”, sem envolvimento com a estrutura da empresa.
Na CPI, o empresário disse ser formado em Gastronomia e negou conhecer Adélia de Jesus Soares, advogada apontada como real operadora do esquema e administradora da Playflow. Adélia também foi convocada para depor, mas não compareceu. Segundo Hiran Gonçalves, ela será conduzida coercitivamente.
Para os senadores, as contradições nos depoimentos indicam tentativa deliberada de omitir informações. Segundo os parlamentares, é inconcebível que Pardim seja o responsável legal pela Peach Blossom e, ao mesmo tempo, alegue desconhecer Adélia Soares.
A relatora levantou ainda a suspeita de que os advogados de Pardim estariam agindo em nome de Adélia.
Questionado sobre a forma de pagamento da defesa, Pardim respondeu que os serviços eram prestados “pro bono”, orientação dada por seus advogados no momento do depoimento.
A senadora Soraya Thronicke alertou que a atuação dos advogados também pode ser investigada.
“Se tem alguém pagando e o senhor [advogado] não está defendendo seu cliente, o senhor também se compromete”, afirmou.
Lucas Faria respondeu que foi indicado por uma amiga da família de Pardim.
O crime de falso testemunho prevê pena de 2 a 4 anos de prisão. Como se trata de crime de menor potencial ofensivo, o empresário deve ser liberado em breve.
Entenda o caso
A CPI das Bets foi instalada em novembro do ano passado e tem previsão de encerramento nesta terça-feira (30), mas deve ser prorrogada por mais 45 dias.
Na última semana, o delegado Lucimério Campos, responsável pela operação Game Over em Alagoas, afirmou que o combate aos jogos ilegais exige legislação mais atual e rigorosa.
Ele relatou que precisou recorrer a uma lei de 1950, com pena de apenas 2 anos, para responsabilizar influenciadores que promovem apostas clandestinas.
(Com Estadão Conteúdo)