Há histórias de amor que ultrapassam o tempo. Algumas resistem à distância, outras vencem dificuldades. Mas existem aquelas tão profundas, que nem mesmo a morte é capaz de separá-las por muito tempo. Assim foi o amor de Rogaciano Dias da Conceição, de 80 anos, e Maria das Graças dos Santos, de 73 anos, casados por 28 anos. Ele partiu exatamente um mês após o falecimento de sua companheira, no mesmo hospital, como se o tempo e o destino quisessem marcar esse vínculo eterno.
Maria das Graças faleceu no dia 30 de junho, após problemas de saúde. Desde então, o viúvo mergulhou em uma silenciosa solidão. Amigos e familiares notaram a mudança: a ausência de brilho no olhar, a perda do apetite, o cansaço constante, o caminhar mais lento. Rogaciano já não era o mesmo desde que ela se foi. A dor da ausência transformou-se em saudade profunda — e, com o passar dos dias, em um vazio que nem o tempo conseguiu curar.
Nesta segunda-feira, 28 de julho, Rogaciano também partiu. Foi no mesmo hospital em que se despediu da esposa. Uma data simbólica: 28 de julho, representando os 28 anos de união e companheirismo com dona Maria. Uma coincidência que muitos enxergam como um gesto de reencontro. “Ele simplesmente não aguentou viver sem ela. Eles se amavam muito. Um completava o outro”, conta emocionado um dos familiares.
O corpo de Rogaciano será velado ainda nesta segunda-feira, na Veladoria Municipal de Paraíso das Águas, com previsão de início no final da tarde. O sepultamento ocorrerá na manhã de terça-feira, 29, no Cemitério Municipal Jardim da Saudade, onde agora descansará ao lado do grande amor de sua vida.
Ele deixa os filhos Wilson, Alexandra, Valquíria e Paula Cristina, além de 16 netos e 13 bisnetos, que hoje vivem a dor da despedida, mas também a certeza de que o amor vivido por seus pais e avós foi verdadeiro, intenso e eterno.
“Ficamos com a saudade, com os exemplos, com as lembranças de um casal que nos ensinou o que é companheirismo, respeito e fé. A dor é grande, mas o amor deles foi maior”, disse a filha Alexandra, com a voz embargada.
A história de Rogaciano e Maria das Graças é daquelas que ficam gravadas nas memórias de uma cidade e nos corações de todos que conheceram o casal. Um amor simples, vivido no cotidiano, entre os gestos de cuidado, os olhares silenciosos e os abraços que diziam mais do que palavras.
E agora, juntos novamente, descansam em paz. Unidos pelo amor — e pela eternidade.