O motorista da caminhonete que causou oito mortes em acidente em Campinorte, região norte de Goiás, já havia sido condenado por provocar outro acidente, de acordo com a Justiça. Em agosto deste ano, José Junior Fernandes Mota e sua mãe foram condenados a pagar uma indenização solidária por um acidente que ocorreu em 2018 e não teve vítimas fatais.
O g1 tentou contato com as defesas do motorista para os dois acidentes, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.
José Junior Fernandes Mota foi preso após tentar fugir do local do acidente que aconteceu no último sábado (20). Segundo documentos disponíveis no site do Tribunal de Justiça de Goiás, ele foi condenado a pagar R$ 27.209,00 por danos materiais a Marilda Ferreira, uma das envolvidas no acidente.
Segundo Rauny Marcelino, o advogado da mulher que teve o carro atingido pelo lavrador, o valor pedido em 2018 hoje seria equivalente a R$ 60 mil. A decisão ainda cabe recurso.
Na sentença, o relato da motorista diz que a caminhonete do lavrador bateu em um carro que saiu da pista e atingiu o seu veículo na GO-556. O documento também diz que testemunhas informaram que o veículo do condenado estava em velocidade incompatível.
Em vídeo enviado ao g1 pelo advogado de Marilda Ferreira, que deve receber a indenização, ela diz que o veículo dela caiu de cima de uma ribanceira e o carro de José caiu em cima do dela.
“Estou gravando esse vídeo (veja aqui a reportagem)para prestas minhas condolências a esta família. Em 2018, eu também tive um acidente causado por esse cidadão. Eu, meu filho e mais três sobrinhos poderíamos ter morrido”, disse emocionada.
Em depoimento, o motorista negou ter colidido com os veículos, a sua frente e afirmou que estava ultrapassando dois carros quando o veículo da frente também iniciou uma ultrapassagem, fazendo com que colidissem.
Na sentença, o juiz entendeu que a culpa da colisão foi do motorista investigado, que bateu na traseira do primeiro veículo. Conclusão foi baseada no Código de Trânsito Brasileiro, que determina que “o condutor deverá guardar distância de segurança lateral e frontal entre o seu e os demais veículos”.
“Resta configurada a conduta culposa do primeiro requerido, que agiu com imprudência ao não manter a distância segura do veículo que seguia à sua frente e ao trafegar em velocidade incompatível com as condições da via, dando causa ao acidente”, sentenciou o juiz.
A mãe do condenado, que também foi ouvida e condenada, também deve pagar a indenização porque era a proprietária do veículo que causou o acidente.
Segundo o delegado Peterson Amin, que investiga o acidente que deixou oito vítimas, a reincidência do investigado vai pesar contra ele durante o julgamento. De acordo com o investigador, ele deve ser indiciado por homicídio doloso.
Oito mortes
O acidente mais recente em que José Júnior esteve envolvido aconteceu na BR-153 e envolveu a caminhonete que ele dirigia, outro carro de passeio, um caminhão e uma motocicleta. Ao todo, oito pessoas morreram, sendo que seus eram da mesma família (veja o vídeo aqui).
De acordo com a concessionária responsável pela rodovia, a batida ocorreu no km 171, por volta das 18h51. Um vídeo feito no local do acidente mostrou os destroços deixados pelo acidente, que deixou a rodovia totalmente interditada durante a ocorrência.
Além das seis pessoas da mesma família, pai, mãe e quatro filhos, o acidente também vitimou um casal que estava um uma motocicleta. O motorista do caminhão sofreu lesões sendo encaminhado para um hospital.
José Junior Fernandes Mota fugiu do local, mas foi localizado pela Polícia Militar, que realizou a prisão em flagrante e fez o teste do bafômetro, que acusou 0,89 mg/l. Após audiência de custódia, ele teve a prisão em flagrante convertida em preventiva.