A morte da menina Nicole Araújo, de 3 anos, após um incêndio comoveu bombeiros, socorristas e vizinhos na manhã desta quinta-feira (27), no bairro Center Park, em Campo Grande. A menina foi a última das quatro vítimas a ser socorrida. E entre as pessoas que tentaram retirá-la do quarto, o sentimento de impotência é grande.
Com a voz embargada, o sargento Theódolo de Pádua Melo narrou detalhes do salvamento e lamentou não conseguir retirar a criança da casa a tempo. “A gente é um ser humano. Eu sou bombeiro, mas também sou pai”, disse.
Durante a entrevista, ele demonstrou estar muito emocionado. Ele contou que foi o primeiro a chegar na casa, entrou no local sem equipamento de proteção e não encontrou a criança. Saiu para respirar e voltou, encontrando a menina já desmaiada ao lado da cama.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2018/z/T/euWFZHTJyHysixRfMCjA/whatsapp-image-2018-09-27-at-10.10.11.jpeg)
Segundo Pádua, quando foi resgatada, Nicole já estava com as pupilas dilatadas. Foi ele quem iniciou os procedimentos de tentativa de reanimação da criança. Quando a equipe de socorristas do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) chegou, médicos assumiram o atendimento. Os profissionais tentaram reanimar a criança durante 30 minutos, mas ela não resistiu e morreu asfixiada, após inalar muita fumaça.
O caso não abalou apenas os profissionais, como também quem não sabia ao certo o que fazer, mas mesmo assim se arriscou para salvar a criança. Um pouco depois das sete da manhã, o construtor Paulo Sérgio dos Santos, de 47 anos, veio ao bairro Center Park para trazer a esposa ao trabalho, como faz todos os dias.
Quando chegou à casa onde a esposa trabalha, percebeu que o vizinho da pastora tentava quebrar o cadeado do portão com um martelo. Mesmo despreparado, o construtor disse que tentou o que pôde para ajudar: entrou em um dos quartos, procurou pela debaixo da cama, perto do guarda-roupa e nada. “Eu cheguei e a mulher falou que a filhinha estava dentro da casa. Eu entrei, até tentei encontrá-la, mas estava muito escuro e com muita fumaça. Eu fiz o melhor que pude para tentar tirar do local, mas não consegui”, lamenta.
Silvio Haikawa, de 49 anos, foi o primeiro vizinho a ouvir os pedidos de socorro das duas mulheres. Ele pulou o muro e conseguiu arrebentar o portão. É a esposa de Silvio quem mais se abala e chora, já que ela foi a primeira a chamar o Corpo de Bombeiros.
Midiamax – Patrícia Penzin e Mylena Rocha