O Governo do Paraguai prometeu, em agosto deste ano, instalar uma base militar no país para enfrentamento a grupos terroristas. O compromisso tem apoio do FBI, principal agência de investigação federal e de segurança interna dos Estados Unidos. Nesta quinta-feira, 30, o presidente Santiago Peña determinou decreto para classificar as facções Comando Vermelho e PCC (Primeiro Comando da Capital) como grupos terroristas, tornando mais severo o enfrentamento às cédulas existentes no país.
Além das organizações criminais brasileiras, o país também atribuiu caráter de terroristas aos grupos Hezbollah e Al Quaeda, que atuam no Oriente Médio, e mais recente o Cartel de Los Soles, grupo criminoso com origem na Venezuela.
A integração entre o Paraguai e os Estados Unidos sela uma aliança na Tríplice Fronteira, linha que interliga Brasil, Paraguai e Argentina. O subsecretário de Segurança Nacional dos EUA, Troy Edgar, afirmou em encontro na Casa Branca, no mês de agosto, que o Paraguai se coloca como “um grande aliado” no fortalecimento da segurança fronteiriça.
Naquela agenda, afirmou que a assinatura do memorando que estabelece a aliança com o governo paraguaio é “um grande passo” no enfrentamento do crime organizado na fronteira.
O ministro do Interior do Paraguai, Enrique Riera, destacou a importância da cooperação com Washington, especialmente na área de segurança. Foi Riera quem anunciou o acordo para implantação do centro antiterrorista. À CNN, ele detalhou que o centro terá 15 policiais treinados pelo FBI e a promessa é de base instalada no lado paraguaio da Tríplice Fronteira.
A medida confirma promessa já anunciada desde maio de 2024. Naquela época, ele apontou a “significativa cooperação internacional” que o país estaria construindo em segurança. Ele já havia antecipado que “o FBI em estabeleceria bases de treinamento e escritórios pelo país”.
Por trás do acordo, está também a intenção dos americanos em enfrentar a imigração regular, pauta prioritária para Donald Trump. Marco Rubio, secretário de Estado americano, afirmou no encontro com autoridades paraguaias que “estamos formalizando nossa cooperação no combate à imigração irregular, que pode representar um problema de segurança nacional para ambas as nações”.
Paraguai eleva alerta de segurança na fronteira com MS e classifica PCC e CV como terroristas

O presidente do Paraguai, Santiago Peña, ordenou a elevação ao nível máximo do alerta de segurança em toda a faixa de fronteira. A medida enfatiza os departamentos de Amambay e Canindeyú, limítrofes com Mato Grosso do Sul, além de Alto Paraná.
A decisão foi anunciada após reunião do Conselho de Defesa Nacional (CODENA) depois da megaoperação no Rio de Janeiro que, apesar de deixar 121 mortos, não teve os principais alvos da ação capturados. São eles o Doca e Pedro Bala, líderes do alto escalão da facção Comando Vermelho.
A decisão do governo paraguaio considera, ainda, a ação de criminosos fortemente armados que estouraram uma agência do Itaú na cidade de Katueté, distante 74 km de Mundo Novo–MS.
Durante o encontro das autoridades, o presidente paraguaio determinou decreto que declara o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC) como organizações terroristas.

Reforço e coordenação binacional
A ordem presidencial instrui o reforço de pessoal e meios materiais das Forças Armadas, da Polícia Nacional e da Direção de Migrações do Paraguai.
O ministro e secretário permanente do Codena, contra-almirante Cíbar Benítez, informou que o objetivo principal é ‘cuidar da cidadania’. Benítez destacou que as ações são preventivas e buscam proteger a população, afirmando que nenhum movimento militar ou policial deve gerar temor.
O governo paraguaio também destacou a coordenação com as forças de segurança do Brasil e da Argentina. Segundo o comunicado, estão sendo impulsionadas operações combinadas de controle e vigilância nos passos fronteiriços e nas zonas de trânsito.
Status de terrorista
A classificação do PCC e do CV como organizações terroristas permitirá ao Paraguai aplicar penas mais severas. A medida também visa fortalecer os mecanismos de cooperação internacional em matéria de segurança e extradição.
“Essas organizações transcendem a criminalidade comum; são autenticamente terroristas e ameaçam a vida das pessoas e a soberania do país”, sustentou o contra-almirante Benítez.
Plano operacional
O ministro do Interior do Paraguai, Enrique Riera, informou que o planejamento de operação já está em andamento. A medida prioriza o trabalho de inteligência, a vigilância aérea, com drones recentemente incorporados, e a articulação entre unidades militares e policiais.
“A combinação de forças policiais e militares nos faz invencíveis. O Estado paraguaio usará toda sua força disponível para proteger os cidadãos e garantir a segurança de nossas instituições democráticas”, afirmou Riera.
O ministro indicou ainda que será reforçada a segurança nos estabelecimentos penitenciários que abrigam membros desses grupos criminosos, com apoio do ministro Rodrigo Nicora. O plano contempla também a intensificação da luta contra o contrabando e o crime organizado, especialmente no período de fim de ano.
As autoridades paraguaias reiteraram que as ações não interferirão nas atividades comerciais nem no trânsito habitual das zonas de fronteira.










