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‘Ela tinha medo de ir ao médico’, diz filha da idosa que morreu após descobrir feto calcificado há mais de 5 décadas

Familiares de Daniela Almeida Vera, de 81 anos, que morreu no dia 15 de março após uma cirurgia realizada para retirar um bebê que estava calcificado em seu abdômen, explicaram que a vítima tinha muito medo de ir ao médico. Segundo uma das filhas dela, Rosely Almeida, a idosa, que era indígena, preferia tratamentos alternativos.

Daniela morreu um dia depois da cirurgia, no Hospital Regional de Ponta Porã, região sul de Mato Grosso do Sul. Ela passou muito tempo reclamando de dores na barriga, mas só depois que passou por uma tomografia 3D descobriu que carregava um “bebê de pedra” há 56 anos, data da sua última gestação.

“Ela era antiga e somos indígenas, ela não gostava de ir ao médico, tinha medo dos aparelhos para fazer exame”, afirmou a filha mais nova de Daniela.

A filha de Daniela, no entanto, alega que a mulher pode ter passado mais tempo com o bebê na barriga, porque ela reclamava para o marido de dores na barriga desde a primeira gestação, que teve com outro homem, quando ainda era adolescente.

Idosa deixou 7 filhos e 40 netos. — Foto: Arquivo pessoal
Idosa deixou 7 filhos e 40 netos. — Foto: Arquivo pessoal

“Na declaração do meu pai, que ele falou com a gente hoje cedo, ele disse que ela já tinha isso há muitos anos. Quando ela teve o primeiro filho, com outro homem, ela já reclamava dessa dor, isso desde novinha. Ela falou pra que parecia um bebê que se movia dentro da barriga dela e às vezes ela sentia enjoo, mas a gente nunca desconfiava que era isso. Foi desde a primeira gravidez, não sei que idade ela tinha”, disse Rosely.

A secretária de Saúde de Aral Moreira, Adriana Veron, explicou que agora será realizada uma análise clínica do feto calcificado. A partir do estudo, será possível responder mais detalhes sobre bebê, como o tempo que ele ficou na barriga de Daniela.

Agora, a família vive o luto pela matriarca que deixou sete filhos e 40 netos.

“A gente tá em choque, é muita tristeza. Ela era nossa mãe, a única que protegia a gente e agora ela se foi, ficamos meio perdidas”, lamentou.

O caso

 

Tomografia mostra como ‘bebê de pedra’ estava no abdômen de idosa, em Ponta Porã (MS)

Uma idosa, de 81 anos, descobriu que carregava um feto calcificado ao ser encaminhada para o Hospital Regional de Ponta Porã, na região sul de Mato Grosso do Sul, com dores abdominais, de acordo com as informações do secretário de saúde da cidade, Patrick Derzi.

A equipe médica suspeita que a mulher estivesse com o “bebê de pedra” no abdômen havia 56 anos, desde quando teve a última gestação. A condição é considerada raríssima por especialistas. A idosa, que era indígena e morava em um assentamento no município de Areal Moreira, morreu após a cirurgia para retirada do feto.

Daniela deu entrada no Hospital Regional de Ponta Porã com um quadro de infecção grave em 14 de março. No mesmo dia, uma tomografia 3D constatou o feto calcificado na região do abdômen dela. Veja o vídeo mais acima.

Ao descobrir a existência do feto no corpo da idosa, a equipe de obstetrícia da instituição foi acionada e realizou a cirurgia para retirá-lo. Após o procedimento, a paciente foi encaminhada para uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), mas morreu no dia seguinte.

O motivo da morte foi um quadro grave de infecção generalizada, que ocorreu a partir de uma infecção urinária, segundo o secretário Patrick Dezir.

Transferência para atendimento

Conforme o secretário de saúde de Ponta Porã, a idosa morava em Aral Moreira, que fica a 84 quilômetros do município. Ela já tratava uma infecção urinária na cidade onde residia. Devido à piora no quadro clínico, a idosa teve que ser transferida para o HR da cidade vizinha, onde a equipe médica chegou a suspeitar de um câncer.

Após a idosa dar entrada no HR de Ponta Porã, em 14 de março, uma tomografia 3D foi solicitada para precisar o diagnóstico. O exame identificou o feto calcificado no abdômen da mulher, de acordo com as informações da secretaria de Saúde de Ponta Porã.

Idosa morreu após descobrir bebê calcificado em abdômen. — Foto: Reprodução
Idosa morreu após descobrir bebê calcificado em abdômen. — Foto: Reprodução

Caso raríssimo

 

O secretário de Saúde de Ponta Porã, Patrick Derzi, explicou que o nome da condição é litopedia. Derzi, que também é médico, comentou que o quadro clínico da idosa é considerado um tipo raro de gravidez, que só ocorre quando o feto de uma gravidez abdominal não reconhecida morre e se calcifica dentro do corpo da mãe.

“A litopedia é um tipo raro de gravidez ectópica [tipo de gravidez quando o óvulo fertilizado se desenvolve fora do útero], e ocorre quando o feto de uma gravidez abdominal não reconhecida morre e se calcifica. O ‘bebê de pedra’ é resultante e pode não ser detectado por décadas, e pode causar complicações futuras”, comentou o secretário.

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